Foto: Julio Cezar da Silva Conrado (Divulgação)
Pelo menos dois hospitais da região interromperam parte dos serviços e atendimentos à população devido ao atraso recorrente dos repasses do Estado. Ontem, os funcionários do Instituto de Saúde e Educação Vida (ISEV), em Cacequi, entraram em greve por conta dos salários atrasados. De acordo com a direção do hospital, a instituição está com 70% dos serviços afetados.
A paralisação parcial afeta as áreas de clínica médica, psiquiatria, Pronto-Atendimento (PA), higienização e nutrição. As marcações de exames estão sendo feitas das 8h às 12h. A dívida do governo estadual com o hospital, que é privado, mas atende 80% via Sistema Único de Saúde (SUS), seria de R$ 1,3 milhão, referentes a incentivos em atraso.
Husm fará mutirão de saúde para atender crianças e idosos em abrigos de Santa Maria
Conforme a direção do hospital, a folha de pagamento dos funcionários de outubro e novembro ainda não foi quitada. Além disso, cerca de 60% do 13º salário de 2017 e os vencimentos de janeiro e fevereiro ainda não foram pagos para a maior parte dos empregados.
Já em Cruz Alta, ontem, o Hospital São Vicente de Paulo realizou uma coletiva de imprensa para esclarecer a atual situação da instituição, que, há uma semana, suspendeu temporariamente as cirurgias eletivas e as internações clínicas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) devido à falta de repasses.
Por conta da paralisação, a instituição afirma que houve redução de 50% no atendimento. O hospital tem 500 funcionários, e todos estão com salários atrasados. Parte da folha de setembro chegou a ser paga (faltaria uma parcela), mas os vencimentos de outubro e novembro ainda estão pendentes. Segundo o hospital, a dívida do governo do Estado é de R$ 2 milhões.
Saúde da criança é tema de seminário no Husm
Na terça-feira, o Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (Cosems-RS) emitiu uma carta de alerta de colapso iminente na saúde pública alertando a população sobre a gravidade da situação no Estado. No documento, o Cosems-RS solicita ao Ministério Público Estadual (MPE) a abertura de uma ação civil pública contra o Estado.
CRISE
A dívida atual do governo com os hospitais é de R$ 140 milhões. Em resposta ao Diário, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) disse que, para suprir a demanda das instituições que suspenderam os atendimentos, a pasta "está em negociação com os municípios que continuam funcionando integralmente para que recebam parte desse público".
Ainda conforme a assessoria da SES, "a Secretaria Estadual da Fazenda deverá liberar recursos correspondentes aos valores de uma competência (mês) tão logo a arrecadação do Estado permita", e que a expectativa é que este pagamento ocorra na primeira quinzena de dezembro.
EM SANTA MARIA
De acordo com a secretária de Saúde de Santa Maria, Liliane Mello Duarte, a dívida do Estado com o município já chega aos R$ 14 milhões, e a situação na cidade só não é mais grave porque o Legislativo vai destinar R$ 3,8 milhões aos cofres do Executivo, valor economizado neste ano pela Câmara de Vereadores.
- Com isso, vamos conseguir manter a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) funcionando e complementar o 13º dos funcionários. Mas a crise é sem precedentes. A gente espera que o próximo governador tenha um olhar prioritário para a saúde, o que não foi fato nos dois últimos governos - afirma.